SAC 42 - primeira parte

O computador quebrou, queria ter postado sobre o 42 Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba um pouco antes...Serão três posts para falar de 3 momentos do trabalho que fiz por lá.
 
Como forma de apresentação pedagógica do trabalho realizado lá no SAC 42 escrevi o texto abaixo o qual foi enviado aos organizadores e pessoas envolvidas no evento.
 
Rio e Curva do Rio
 
                                  Registro fotográfico do Rio Piracicaba ao término da Rua Morais Barros.

Em meu projeto proposto para o SAC42º manifestei minha vontade de realizar um trabalho que denominei por: objeto/pintura site specif no espaço expositivo da Pinacoteca Municipal de Piracicaba. Tratava-se de um projeto em que me deslocaria para a cidade de Piracicaba, recolheria materiais abandonados na própria cidade, e posteriormente montaria o trabalho tal como dito anteriormente.

Ao ser selecionado para o Salão, fui comunicado por telefone que deveria criar um trabalho para o lado exterior da mesma pinacoteca.

No dia 28 de outubro fui à Piracicaba com pouca ou nenhuma idéia do que iria me deparar naquela cidade. Obviamente, essa situação já era prevista e portanto, tratei de conhecer minimamente o entorno da Pinacoteca e da Rodoviária. Nesse mesmo trajeto, fui recolhendo materiais e observando a paisagem.

Ao chegar ao fim da Rua Morais Barros, rua onde fica a Pinacoteca, retirei a foto acima.

Nela observamos a tranquilidade das águas de um lado, em contraponto à pequena agitação do outro. Essa pequena agitação se dá pelo acúmulo natural de objetos da natureza (pedras, galhos, folhas) e possívelmente de objetos de uso domésticos (restos de móveis, papelões etc.) que ocorre nas curvas de rios. 

Após recolher material suficiente nas caçambas e entulhos da cidade, comecei a manipulá-los na área externa da Pinacoteca, descobrindo o corrimão como possível suporte para uma intervenção.
Nesse momento, a ação de se realizar um trabalho artístico extrapola intenções racionalizadas a priori e apresenta-se como diálogo entre corpo e matéria. Existindo pela manipulação/ relação e deixando como “produto” um registro, resíduo, ou obra.

No meu caso em específico, enxerguei a dualidade existente num corrimão, que divide e determina um caminho, a possibilidade de se estabelecer um paralelo com minha observação do Rio.




Tive ainda a sorte de, ao lado oposto do corrimão, haver uma calha que, obstruída pela materialidade encontrada, interromperia o fluxo de água. Quase como uma ilustração do conceito surgido no decorrer da execução, feito de maneira muito sutil.

                                                                 Calha de escoamento de água proveniente do telhado da pinacoteca
                                                                     Bruno Baptistelli(Beba)
                                                          novembro 2010